Até aos anos 80 do século passado, julgava-se que o cérebro estagnava ao chegar à idade adulta, a quantidade de neurónios seria a mesma até ao fim da vida e durante esse tempo morriam muitos deles, servia a célebre frase "Burro velho não aprende línguas."
Felizmente descobriu-se que o cérebro é capaz de alterar a sua estrutura, para se adaptar a novas circunstâncias, ou novos ambientes, assim como a capacidade constante de aprendizagem.
Paralelamente, os Recursos Humanos e o processo de recrutamento também evoluíram, as crises e novos modelos de trabalho levaram a uma grande alteração na forma como hoje se procura ou recrutam profissionais.
A globalização, a sustentabilidade e novas preocupações não só pelo ambiente, mas também no relacionamento profissional, exigiram atualização.
A análise de outros fatores além do currículo é cada vez mais importante, o cruzamento entre competências sociais e o conhecimento, é uma mais-valia para descobrir talentos. Na liderança vemos hoje abordagens diferentes, mais próximas da organização.
A procura de um candidato, não se inicia com a colocação do anúncio de uma vaga de emprego, este é o meio de um processo, que tem em conta a comunicação da empresa, o perfil necessário, o espírito da organização, soft skills, hard skills.
Outro aspeto que também é definido é o valor remuneratório, que além da vertente financeira, também pode ter em conta o bem-estar mental das equipas e o desenvolvimento pessoal. É um trabalho complexo que vai culminar na entrevista e a necessidade de conhecer melhor o candidato, que por vezes é diferente do conhecimento do seu currículo.
Os desafios do recrutamento estão também ligados às emoções, sentimentos ou intuição. Verdade que uma parte desta procura pode ser feita através da inteligência artificial, mas as questões humanas e preferenciais acabam por ter peso na decisão.
Sabemos agora que o teste de QI (quociente inteligência), não mostra todo o potencial, define as capacidades de processamento e a inteligência de um indivíduo em determinados aspetos, mas não permite conhecer a sua vivência, experiências e aptidões que podem ser determinantes para o melhor desempenho.
Ambientes saturados ou despersonalizados, influenciam a produtividade, o excesso de horas de trabalho, prejudica a criatividade e acaba por desencadear algumas doenças psicossomáticas.
Atendendo a estes fatores a OMS considerou o stress, como sendo uma epidemia do século XXI, e em 2022 o burnout entra para a lista de doenças reconhecidas, lembrado desta forma, que cada vez mais, temos que dar importância aos fatores mentais e ao bem-estar organizacional.
Vivemos uma época que nunca sonháramos e este tem sido o desafio, um confronto entre prática e emoção, isolamento e abertura. A experiência dos acontecimentos tem vindo a mostrar novas abordagens, novos modelos de trabalho e a importância de outras competências.
Autora: Marta Esteves
Diretora da AtivarMentes